Eu queria apenas ser..
Eu queria apenas ser...
(- Não os estereótipos e clichês que me impingiram!)
Eu queria acordar cantando
Agradecendo o Dom da Vida
E mais um dia!
(- Mas eu tive que acordar longo tempo no silêncio...)
Eu queria apenas ser, apenas ser!
(- Mas me vestiram de luto
E me impuseram um comportamento contido
Que não era meu...)
(...)
Eu queria evitar que meu amor sofresse por mim
- E por isso o perdi...
E quando, então, quis vestir meu luto
Tive que tirá-lo,
Pois não era "conveniente":
Eu precisava aparentar um comportamento “normal,”
Viver uma vida “normal” na mesmice de outras tantas:
Arrancaram, então, meus véus de luto
E maquiaram-me o rosto
E me impuseram um sorriso de gueixa
(- Fiquei como “o Homem que ri”
De Victor Hugo!...)
Tentei procurar o amor da minha vida
- Mas não me deixaram amar...
Tentei chorar, me impediram.
Vivi uma vida que não foi a minha...
- Mas sobrevivi...
E, um dia, quebrei todas as amarras!!...
E vivi!... (Tentei viver...)
(...)
- E, quarenta anos depois
Tu ainda não queres que eu consiga ser??...
Eu me imolei por ti...
Eu te procurei...
Mas estas coisas eu as fiz porque quis.
Nada me deves: pois só aí fui feliz
Na Esperança da procura
Que ninguém me impôs!
Minha procura foi livre!...
(...)
Mas não posso tirar o sorriso que me impuseram
Nem vestir meu luto: foi dilacerado.
- Mas meu coração está amarrado,
Sufocado por meus véus escuros,
Sofrendo dentro de mim, apertado,
E as minhas lágrimas engulo
Constantemente...
(...)
Mas e o rosto?... O meu rosto?...
- Ah! Este... Sempre sorri...