O SILÊNCIO APAIXONADO

Um ébrio apartado do vinho, maré sem luar;

Parceiro sem par, herói sem o mito da batalha;

Ventura sem honrosa medalha, águia proibida de voar;

Lustre sem brilhar, junção que a si se retalha!

Soneto odiado pelo verso, vento disperso;

Destino sem acesso, molécula visível do nada;

Pegadas invisíveis pela estrada, infinito sem universo;

Um oceano deserto, uma dissonância propagada!

Legenda que traduz o caos, enigma do emblema derrotado;

Pastor sem cajado, império sem história;

Nata trajada de escória, latifúndio largamente minimizado;

Perfume desaromatizado, glória de fortuna irrisória!

Eu sou a força estóica gritando de monástica dor;

A neve sofrendo no calor, o gelo morrendo em plena chama;

Sou a inutilidade que declama, a rima que não harmonizou;

Aquele que teu beijo não provou, a voz calada gritando que te ama!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/10/2009
Código do texto: T1867709
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