Que dure enquanto seja eterno
Se eu soubesse escrever poesia
pra você eu diria
que os meus braços, um dia vazios,
agora cheios de abraços enlaçam
o seu olhar,
meu farol,
luz solar que me aquece,
minha forte estrela guia,
porto pro meu corpo sedento
de serenas águas de amorosa baía
que me acolhe envolvente
quando aporto em calmaria.
Mas se me distraio
e me perco em lidas,
nas idas e vindas da vida,
na luta pelo sustento
e na eterna busca por tantos saberes,
murcham-me as velas
ao encontrar no retorno
os transtornos das águas suas,
agora turvas, sombriamente incertas,
rugindo túrgidas as sombras das dúvidas
que não têm fonte real ou concreta
posto que meu corpo, coração e alma,
só encontra calma no conforto do seu porto
e nos beijos lânguidos das ondas amorosas
das chamas liquefeitas do seu tépido mar.
Como dizer sem que soe um falar vazio
que, não importam as rotas que traço,
será sempre pro abrigo dos seus braços
único porto a nortear o meu caminho,
que irei voltar
e lá ficar
e nada mais querer ou precisar
além do que já me contempla
e me completa,
amante amado abrigo,
calor bastante para o meu desejo,
e outro não vejo,
nem aqui, nem no horizonte
que se espraia no espaço amplo,
porque é minha escolha certa,
fonte dos meus sentimentos,
vaso único da minha paixão.
Que dure enquanto seja eterno...