INJUSTA FOME DE AMOR

Tu és melhor que todos os sublimes episódios;

Aprimorou-me com primórdios do que passou e me virá;

E eu aprendi que sou capaz de amar, até sob destroços;

Que mesmo sem esforços, me vi por ti a guerrear!

Eu vi o céu pedindo asilo em tuas curvas;

E importei meu rosto às chuvas da ilusão sedenta;

Vi uma nuvem cinzenta se dissipando em cores turvas;

E as minhas lágrimas viúvas formando o mar que te inventa!

Um cume gradual, uma fração de imensuráveis;

Tão degustáveis quanto o lume de um sol na madrugada;

Uma viagem sem estrada que ruma a esquecimentos memoráveis;

Que são os brilhos amáveis do olhar de minha amada!

Porque não posso circular todas as retas desse carrossel;

Há um doce fel vertendo fontes de açúcares amargos;

Nos teus sorrisos largos achei atalhos para o céu;

Porém a fome é tão cruel, que me negou os teus pomares fartos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/10/2009
Código do texto: T1867336
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