O ANJO PROIBIDO
Disseste na clareza articulada de tua fala;
Que tu’alma se embala na doce lavra desse arranjo;
Que no afeto que esbanjo em meu peito que te faz sala;
Eis teu olhar a confirmar-me sem palavra que me acatas por teu anjo!
Um anjo levemente transgressor, porém norteador para teus passos;
Cujas asas são calorosos braços onde ancoras tua carência;
Audaz nessa clarividência que te desata os embaraços;
Teu guardião no limo dos percalços, o algo mais em meio à insuficiência!
Se não te observa na integralidade da presença;
Está na pertinaz onipresença de uma tenaz telepatia;
A mais perfeita sintonia, a luz carnal de tua crença;
Que em ti transborda em lava intensa, que te renova a cada dia!
Porém teu anjo retraído não há de visitar-te muito além;
Por mais que seja teu refém, também é sentinela fugitivo;
Sofre os açoites desse castigo, sorve o fel por te querer bem;
Contido por ti quem não te contém – esse teu anjo proibido!