O ANJO PROIBIDO

Disseste na clareza articulada de tua fala;

Que tu’alma se embala na doce lavra desse arranjo;

Que no afeto que esbanjo em meu peito que te faz sala;

Eis teu olhar a confirmar-me sem palavra que me acatas por teu anjo!

Um anjo levemente transgressor, porém norteador para teus passos;

Cujas asas são calorosos braços onde ancoras tua carência;

Audaz nessa clarividência que te desata os embaraços;

Teu guardião no limo dos percalços, o algo mais em meio à insuficiência!

Se não te observa na integralidade da presença;

Está na pertinaz onipresença de uma tenaz telepatia;

A mais perfeita sintonia, a luz carnal de tua crença;

Que em ti transborda em lava intensa, que te renova a cada dia!

Porém teu anjo retraído não há de visitar-te muito além;

Por mais que seja teu refém, também é sentinela fugitivo;

Sofre os açoites desse castigo, sorve o fel por te querer bem;

Contido por ti quem não te contém – esse teu anjo proibido!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 14/10/2009
Código do texto: T1865870
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