Não se vá, meu amor...!

Se eu pudesse...

Voltaria tudo outra vez!

sofreria tudo outra vez...

Olharia em teus olhos outra vez...

Seria outra vez, o seu cavalheiro andante!

Deixaria meus compromissos mais importantes,

só pra estar com você!

Abandonaria meu castelo

quebraria todos os códigos.

Ouviria todas as canções românticas...

Escreveria mil e setecentos poemas de amor e dor...

Só para estar com você!

Me lembraria dos argumentos mais intrigantes e mirabolantes...

Faria todo o trajeto de Cervantes...

Eu seria de novo, seu “Quixote”,

e tu, minha “Dulcinea”!

Choraria escondido por você outra vez!

Me esconderia do mundo, e num segundo,

estaria montado em meu cavalo, enfrentando

monstros de mim... em seu encalço...

Sofreria de saudade outra vez!

Seria um tolo esquelético,

pálido, abúlico e distante...

Ficaria insone, sonhando acordado.

Esqueceria, datas, números, títulos e atas...

Só pra me lembrar de você!

Sofreria mil apertos, forcas nós e gravatas...

Faria mil discursos... citaria todos os mestres e

pensadores...

Se preciso fosse, até simularia bravatas...

So para ter de novo a emoção de estar com você!

Não se vá de mim, amor, não me abandones!

És o sentimento mais nobre que tenho!

És melhor de mim...

Eu seria tão infinitamente pequeno,

que nem mesmo o mais invisível dos micróbios,

ainda seria um gigante “heleno”

perto de minha pequenez, sem o mistério de ti!

Amor,

não se vá de mim!

Me mate com seu veneno!

Faça de mim seu brinquedo.

Mas não me tranques em um cofre

onde habita escuridão, silêncio, saudade e medo...

Sejas meu instrumento ou meu o melhor segredo!

Tire de mim... tudo,

mas não leve de mim, o amor!

Porque o amor, é o único andor,

que me levará desse mundo...