ENTRELINHAS SURDAS DE UM POEMA DE AMOR
por Regilene Rodrigues Neves
Seguindo a estrada onde passa o amanhã
Enfrente sonhos atropelados pelo caminho
Para trás pedaços de desilusões derruídas...
Rastros seguem uma rotina aleatória ao seu querer
Fragmentos de emoções soltam da alma
Rabiscam um pedaço de papel
Um poema largado a esmo
Esvai versos pelos vãos dos dedos...
Uma rota nasce dentro do peito
Abre a força o destino desconhecido
Linha sobre linhas escreve sentimentos de amor
Paixões delineadas pelos dedos
Feito prece devota
Reza a palavra em seu púlpito
Um coração voraz de fantasias
Cujo sonho um amor eterno
Para seu louvor!
Há de amar mesmo que em poesia sôfrega
Todo poeta predestinado a este dom
Que suga da alma todo ópio
Que bebe cálices de luas
Onde tantas vezes dormindo
Com ele sonhou sua poesia etérea de amor!...
Estrofes dedilham o corpo ao lado
Beija a pele em paz
Depois de amar desesperadamente
A silhueta envolta em fantasias...
A boca próxima
Respira o hálito
Rósea da paixão que sonha
Alíneas escorrem em gozo
Os lábios desvirginados
Expõem o prazer numa ode de amor...
A voz rouca e lírica sussurra
Declama sua utopia ao som do silêncio
O peito ouve a melodia romântica
Que da entranha se dilata...
O perfume de amor do papel exala
A essência ainda cheia de desejos!...
Suados de tanto exaurir sentimentos
Poros e pele absorvem os sentidos
Plagio de amores efêmeros
Copiados tantas vezes do coração
Que nem sabe em qual caminho se perdera
Apenas a poesia insiste enquanto vaga
E divaga sonhos de amor pela alma...
Sou apenas um poeta seguindo enfrente...
Entre luas e noites os sonhos dormem
Aquecidos de poesias ao léu
A rota em sua rotina é mais um poema de amor
De entrelinhas surdas
Que desalinham a alma em sua dor...
Em 13 de outubro de 2009