Das lágrimas brotaram rosas...
Nas minhas noites insones
A pequenina estrela branca da manhã
É a minha companheira.
Ela brilha em mim todo o dia,
Mas à noite, feiticeira,
Encanta-me com sua magia...
Sua luz branco-azulada
Não me deixa abandonada
Nem brilha só, fugidia...
Ela mora dentro em mim
E sussurra ao meu ouvido
“Espera! Espera sim!...”
Transforma-se no orvalho
Baila pra dentro de mim,
Companheira ao meu doído
E solitário festim...
Ela é fiel companheira
E não se afasta de mim...
É feliz quem possui uma estrela
Mesmo que só possa vê-la
Quando a dor é grande assim:
Coração já lancinado
Com o corpo ameaçado
Pela mágoa: vem o fim...
(...)
E um dia, sem mais nem menos,
Olharão ao céu, serenos
Uns olhos doces assim...
E verão mais uma estrela
Ao lado da pequenina:
É estrela branco-marfim...
Este rosto sorrirá
Mas nunca compreenderá
Porque a estrela branco-azulada
Tem agora companheira...
De cor pálida marcada...
E quando tiver um tempo
Olhará no seu jardim
E verá que foi cortada
Sua rosa branco-marfim...
E inúmeros botões
De rosa vermelha, escarlate,
Brotando na sua roseira...
- Mudou de cor para mim? –
- Não, nós somos as lágrimas
Que ela derramou ao despedir-se
Pela dor e sofrimento
Da tua falta de tempo
De cuidá-la... Foi chorando
Lágrima/sangue derramando,
Mas não querias que a visses
Nem que sofresses assim...
- A longa espera foi demais, foi dolorosa...
E das lágrimas carmim
Brotaram um milhão de rosas
A enfeitar o teu jardim...