Artilheiro de Estibordo

I

As horas passam, os dias se vão, meu sonhar se alonga

Numa ausência sentida, da presença vivida do teu abraçar.

Neste sonhar embarco, em estranhos navios, o teu colo a buscar.

Nele eu deito a cabeça; é quente, macio, como ninho de pomba.

II

Um pássaro preso, de asas podadas, de tão curto voar.

Seu triste cantar, só a ouvidos tacanhos é que sabe agradar.

Não é canto – é um lamento: é só sofrimento que sai no trinar.

Eis um pássaro livre, amor. Tem no bico uma flor – que mandei te entregar.

III

Este pássaro-cometa, do meu sonho formado, em tua cabeça pousou.

Leva nas asas meus beijos, na aljava meus desejos, mensageiro que é

Deposita em tuas mãos meus secretos anseios - cuidas bem por nós dois.

IV

Guarda em teu coração, este errante menino, que com muito cuidado os pedaços juntou

De estrelas perdidas, e as põe em teus braços, para guardá-los com carinho de mulher.

Destes mundos distantes, temerário navegante, lanço-me ao teu mar – não esperarei o depois.

Ao ouvir uma canção de Jorge Mautner, interpretada por Zé Ramalho, de nome “Orquídea Negra” retirei o trecho em que se fala de honrar os guerreiros mortos em defesa da revolução e da paixão...

...achei lindo demais! Daí veio o título desta poesia.

Vale do Paraíba, noite de Quinta-Feira, Novembro de 2008

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 13/10/2009
Código do texto: T1863215
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