O meu Monumento à Dor
Lágrimas que caem
Numa espécie de deserto afectivo
Que inunda tudo a meu redor
Encharcando-me de mágoas
Despropositadas
E demasiado incómodas para as descrever
Com a devida exactidão
Que constitui pois
O meu Monumento à Dor
Porque não posso
Apelar à força dos oceanos
Ao poder dos céus
Para que os teus sonhos de luz
Inundem o meu breu
Onde me encontro mergulhado
Ao mesmo tempo a dormir
Ao mesmo tempo acordado
Mas com a lucidez
Suficiente
Para não te ver
Ou pelo menos sentir a meu lado
Por muito que lute
Nos campos de batalha da vida
Perco sempre essa guerra
Com a minha vertente afectiva
E se até um beijo ao adormecer
Constitui um ultraje
Com a qual não te quero ofender
Restam-me o campo das letras
Do imaginário
Onde tudo
Mesmo o inimaginável
Pode acontecer
E nesse campo
Sublime
Eu possuo a arte de te recriar
De finalmente
Te Ter…