O meu Monumento à Dor

Lágrimas que caem

Numa espécie de deserto afectivo

Que inunda tudo a meu redor

Encharcando-me de mágoas

Despropositadas

E demasiado incómodas para as descrever

Com a devida exactidão

Que constitui pois

O meu Monumento à Dor

Porque não posso

Apelar à força dos oceanos

Ao poder dos céus

Para que os teus sonhos de luz

Inundem o meu breu

Onde me encontro mergulhado

Ao mesmo tempo a dormir

Ao mesmo tempo acordado

Mas com a lucidez

Suficiente

Para não te ver

Ou pelo menos sentir a meu lado

Por muito que lute

Nos campos de batalha da vida

Perco sempre essa guerra

Com a minha vertente afectiva

E se até um beijo ao adormecer

Constitui um ultraje

Com a qual não te quero ofender

Restam-me o campo das letras

Do imaginário

Onde tudo

Mesmo o inimaginável

Pode acontecer

E nesse campo

Sublime

Eu possuo a arte de te recriar

De finalmente

Te Ter…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 13/10/2009
Código do texto: T1863180
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