Traços de um caminho

O ar vestindo a noite com uma cortina quente

Desalinhava meus olhos na paisagem tremula do deserto.

A noite cadenciava seus mistérios sobre a cumplicidade

De um grande amor, estendendo-se em frases incompletas,

Diminutas, como os sons que eram seguidos e perdidos.

Nada mais existia. As sombras projetavam-se enlaçadas

Em uma camada de luz projetada de um abajur solitário

O ritmo pertencia ao vácuo da eternidade, acuado

Ao único ato da carne, onde o corpo se aparelhava

Com mãos tenazes e famintas. La fora um canto de tico-tico.

Depois... momentos de silencio emendando um no outro,

Traço de tua silhueta, nas linhas e rasuras da cama.

Parte à tarde na minha solidão dançando entre felpos de poeira,

Ao lado da alcova vazia. La no fundo jaz uma pilha de retratos

Aqui minha pele retornando do falso amor

Lá, a pureza rastreando minha alma apaixonada