Com que mão, eu ferirei a escala?
Com que dó, eu iniciarei a canção?
Com que olhos, eu verei que o amor é belo?
Com que punhal, eu consagrarei a vida?
Quem és tu; que cala e consente,
Iluminando com o ato; a canção dos dementes;
Raiz de todo pecado!
Onde esta o clamor da justiça?
Quem pode ser juiz; se da lei desconhece o primor?
Quem és tu, que alimenta no quarto escuro de tuas vaidades;
A fera idolatra e insaciável da incúria?
Quando foi que o belo foi esquecido?
Deixando as flores no caminho; banidas para a memória dos velhos,
Com que boca eu recitarei meus versos quando na sepultura eu for escória?
Com que recursos eu construirei o futuro, se hoje eu sou amargo e fútil.
Onde estas Cruz e Souza que não me atendes?
Quem foi que te expurgou para o esconderijo dos padecentes?
Reza comigo, um bom poema, que cale os versos do século vinte um!
Faz comigo, uma ladainha aos pobres e famintos homens deste novo século!
Ah poeta! Eu te afirmo, pouco mudou o homem ainda tem fome,
E o alimento servido é pouco e é servido em pratos de enganos e promessas!
Ah poeta! O segredo ainda não foi desvelado!
Deus ainda é o mesmo escravo!
Servindo um prato de mingau engordurado de romanescas verdades,
Servindo a igreja que um dia será pó,
Nutrindo um corpo pútrido que pouco a pouco,
Arrebenta-se, pois de si esta cheio!
Poeta, eu sou o patife que abriu teu esquife, revolvendo teus ossos brancos.
Sou eu mesmo que vê em espelho; oportunamente,
Um século vindouro de luzes, iluminando a doce pátria,
Que renascerá do oceano, onde repousam os versos dos divinos poetas;
E que se faça a luz, iluminando corações e mentes!
Da sensibilidade e da razão!