Despertar

É manhã! Ainda tresnoitado, tateio – tento teu corpo encontrar.

No tatear, inútil busca - teu corpo não está. Em solidão desassossegada

Meu corpo se encontra. Nesta cama solteira não há fome mitigada,

Somente anseios. Flecha a procura de arco; rio querendo ser mar.

Quando és Vênus, e despudorada me buscas: sou Hades - às chamas te arrasto

Quando Lillith, e de mim te ocultas; em nervosas volutas - sou de Plutão mensageiro.

Vou a Zeus apresentar minhas culpas; Apolo me desculpa – é um deus mais fagueiro.

Em Quíron, errante, ferido; percebo um parceiro, que, como eu, está sempre perdido - em mundo tão vasto.

É um mundo cruel e insensato – este nosso mundo inclemente, totalmente dependente dos sentidos.

Poderia muito filosofar, vociferando contra a fraqueza da carne e a candente volúpia dos apaixonados.

Mas, todo esse edifício de contenção, vai de imediato ao chão, ao som da orquestra de teus gemidos.

Sentir o quente agasalho de teu corpo é recompensa mais que plena – é o prêmio mais desejado.

Provar do fruto da árvore do conhecimento? É proibido – não se deve pecar. São vozes tementes.

Há Paraíso lá fora? Não sei. –Aqui tem você; É o quanto me basta. Há desertos? Existem oásis. Sigo em frente.

O tamanho da realidade que queremos é medida pela nossa capacidade de sonhar.

Vale do Paraíba, manhã de Segunda-Feira, final de Dezembro de 2008

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 09/10/2009
Código do texto: T1856055
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