Gotas de Chuva

Chove,

Observo as gotículas

respingando na vidraça,

descendo carinhosamente

como intermináveis conta-gotas

em infindos jorros de lágrimas vindos do céu...

Espero por você, que está longe

e a chuva não passa...!

Acompanho os desenhos que formam

gotas cadentes,

disputando os espaços

na vítrea passiva janela,

em seu frisson de chover...!

E a chuva escorre sem piedade

de si e nem de mim...!

E eu a esperar por você,

quase chovo vidraças;

e num louvor de descer,

para lhe reencontrar,

procuro entender os mistérios

da chuva...do vento.

Ouço os trovões ao longe

arrisco ver sem desviar meus olhos

os coriscos lampejos, que me encorajam quase ligar

pra você...!

Me ajeito no acento,

continuo a buscar por você,

ainda insisto em não chover por fora,

mas sou tempestade por dentro.

Indiferente ao ignóbil machismo,

que disfarço, um cisco no olho,

e arrisco um inconfessável

suspiro de saudade...!

Olho para cima e vejo que a chuva

não tem começo, meio e nem fim...!

Como o infinito sentimento,

que goteja em mim...!

De repente, há uma estiada:

Mesmo assim, as gotinhas

ainda continuam incansáveis em seus caminhos

de descer à terra.

Então, olho pela vidraça,

e vejo que há um rio lá fora.

Rios que nascem e morrem,

na intenção de levarem

a chuva ao seu recomeço...!

Aí, me atrevo a olhar o relógio,

e sonhar com sua chegada.

Nele, há também gotinhas

pontilhadas... chovendo,

o tempo de mim...perdidos

no tempo de ti.