É TARDE...
É tarde. A lua se apruma
manhosamente no céu.
O mar a noite perfuma
num agitado escarcéu.
É tarde. Não mais o canto
das aves se faz ouvido.
Porém não há desencanto
quando o instante é bem vivido.
É tarde. É tarde, talvez,
ficar assim ao relento;
tal ato de insensatez
nunca chega ao pensamento.
Assim diz ela: "- É tão tarde.
Tu tens que partir agora..."
Assim diz ele: "- Que tarde!
É cedo pra eu ir-me embora!