asas

queria eu voltar a ser tal qual as asas de um falcão
a contemplar os campos de cinzas
os corpos que jaziam nas matas
e os últimos focos de esperança de minha alma

queria eu ser uma borboleta
a serpentear sobre tua cabeça com meus delicados vôos
a te fazer sorrir quando teu subconsciente quisesse te mandar sonhos ruins
pra levar o pólen do meu amor ate você
pra gente germinar juntos
no terno campo do nosso amor

queria ser um pombo
ainda que inútil ou enfermo
a te levar noticias boas
e nem que anos depois eu fosse acometido de alguma doença grave
ainda assim minha vida de ave teria valido a pena
porque vi cada passo teu

queria ser um anjo com uma espada flamejante
isso anos antes de você nascer
pra te guiar em cada desastre terreno
pra te fazer chorar quando devias sorrir
e pra te exaltar entre as multidões
quando deverias ter sido pobremente humilhada
porque só assim encontrarias a verdadeira alegria caótica do “povo negro”

queria ser eu a ultima das flores
a derramar sobre esta terra imunda minha seiva ácida e grossa
para derreter a mão de quem quisesse o teu mal
para amputar os desejos mais sombrios de cada cadáver que ousa subsistir
e sugar tuas energias

sou o cavalo de asas de fogo azul
eu corro pelos campos e vejo a vida passar
eu viajo pelos mundos e vejo o quão difícil as vidas são
muito porem
desde que te conheci
não exite em aliviar a tua dor
e por isso perdi todas as minhas patas
em prol dessa peleja insana
quando hoje você continua longe
e eu me divirto em minha dor de lágrimas de mármore






Rônaldy Lemos
Enviado por Rônaldy Lemos em 29/06/2006
Código do texto: T184688