Navegando sem rumo (Em Construção)

A dor lancinante, a dificuldade constante, parece conceder mais inspiração ao vate, do que a intermitente miragem da felicidade.

Induzem-no a compor páginas túmidas, brilhantes, regadas com o sabor de copiosas lágrimas incompreendidas.

Tornando-se o verso mais importante, aquele que exalta num bradar excruciante, a ausência da amada sentida,

Que clama aos céus por paixões não vividas, relatando amores sofridos, despertando a mais pungente piedade.

A poesia fácil, a vida indolor, palavras expressas sem peso ou valor, descasadas dos atos, desbotadas, sem cor,

É a busca mais rápida, travestida de mágica, dessa gente sem aprumo, navegando sem rumo, de si mesmo escondida.

Chega-se a óbvia constatação, que bater em paredes, enroscar-se em redes de perene omissão, é causa mais que perdida.

Torna-se urgente enxergar que montanhas escalamos; se somos amados, e também se amamos: questionar realmente de que é feito esse amor

Que me ofertas tão denso, em beijos intensos, em amares dispersos; atrevo-me nestes versos, a um fustigar mais perverso, tua insistente apatia.

Já me impaciento, deveras, com insólitas ações, com discursos solenes, vazios de razões; são como rios sem água, amor sem paixão.

Gente fria, discreta, vivendo tranqüilas fantasias secretas, incapazes de amar, pois não sabem se dar de maneira completa, com coração e razão.

Não entendo esse tipo de amor, que se esconde, se nega; em cobranças se apega, se deleita em migalhas, ao viver não se entrega: tece loas ao sofrer e refuga a alegria.

Dificilmente encontramos pessoas que conduzem no mesmo trilho discurso e prática. A quase totalidade de nós recorre a uma retórica prenhe de palavras tonitruantes e ações nem sempre combinando com os arroubos contidos em tais verbalizações. Questionar tais comportamentos geralmente traz mais evasivas do uma necessária retratação, coisa impensável para atores tão refinados. Como ninguém altera seus paradigmas senão por vontade própria, cabe-nos apenas entender que pessoas que não casam seus posicionamentos retóricos com ações de vida, não o fazem por absoluta falta de preparo.

O resto é apenas um sepulcral silêncio...

...que nada de útil acrescenta.

Vale do Paraíba, noite da última Terça-Feira de Setembro de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 04/10/2009
Reeditado em 04/10/2009
Código do texto: T1846766
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