Teu cheiro
Teu cheiro ainda impregna o espaço.
Ao deslocar os olhos –
De modo a eles não mais
Auscultarem imagens nenhumas –
Vem-me uma brisa distante,
Estonteante:
É teu cheiro que me agrada;
São teus olhos que me resguardam;
É teu ser que me espera,
Como uma estátua vívida, que verbera.
Ah os abraços teus...
Tão meus que me esqueço...
Esse calor no peito -
Essa figura no calar -
São teus olhos nos meus,
São os meus a lhe olhar,
A lhe tocar, faceiros,
Por um segundo ininterrupto,
Por um deslumbramento eterno frente à inocência cristalina
Dos nossos seres embriagados de nós mesmos.
E assim lhe tenho,
E assim lhe vejo
E assim – franco –
Tomo-lha por um beijo.