SERENO
.
Trazia os cabelos soltos
Ao vento; brisa morna...
Caminhava pela areia fria
Serena vagava a minha mente
.
De repente, ondas de prata
Engoliram minha calma
Assustada, olhei ao redor
O sol abandonou-me, trêmula...
O céu pintou-se de chumbo
A brisa, estagnada e lamentosa,
Olhava-me com rosto de pavor...
.
Cabelos desgrenhados; louca
Voz rouca, quase um mudo grito
Grasnei desesperadamente; suor
Chorei pelo furto da serenidade
Corri pela areia fria; desfaleci
Meu coração, em descompasso
Saltou pelos olhos avermelhados
Sangrados pelo delírio cortante
.
Eis que de repente sopra uma brisa
Sinto um leve toque no meu rosto
E um gosto de doce maresia na boca
Um vulto a despertar-me, sussurrante
Recolhe-me aos seus versos-braços
Declarando, sereno, o seu eterno amor...
(Lena Ferreira)