Sabor

Demorei a sentir o gosto

E agora o tenho. Algo entre sal

e açúcar, talvez um sonho agridoce.

Não fiz tantas promessas para senti-lo

Apenas as do desejo de poder sentir.

E agora que conheço o gosto vou cuidar;

para que não se desfaça

entre a descrença da vida

e o meu farfalhar de asas.

Meio século se passou.

Meia vida, meia hora

Meio termo... Que lástima! Cadê a outra metade?

Sabor de metade.

Fica entre o esquerdo e o direito de minha boca ávida.

Nem sei se proclamo o sabor ou,

se numa gula desenfreada, abocanho todo o

amor e mando o mundo às favas!