OLHOS OPACOS
Meu corpo nú
ocupava um canto
do chão frio.
A boca escancarada,
numa súplica em vão.
Os olhos opacos,
implorando atenção.
O vento gelado e cruel
gritava sem piedade,
enquanto minha alma rasgada
jazia sob o véu do silêncio.
Lembranças zombeteiras
riram com escárnio e ironia.
Tão visíveis quanto a ponta de uma faca,
olhavam com desdém de sua redoma de vidro.
Uma voz grutural gritou do nada:
VOCÊ NÃO MERECE SER FELIZ!!
Indefeso e de joelhos,
meu espírito mirou o chão,
esperando pelo fim inevitável.
Indiferentes,
pessoas passaram por cima
daquele traste inerte.
Poucos se importaram,
nem tampouco lembraram,
que aquilo um dia foi um homem.