OLHOS OPACOS

Meu corpo nú

ocupava um canto

do chão frio.

A boca escancarada,

numa súplica em vão.

Os olhos opacos,

implorando atenção.

O vento gelado e cruel

gritava sem piedade,

enquanto minha alma rasgada

jazia sob o véu do silêncio.

Lembranças zombeteiras

riram com escárnio e ironia.

Tão visíveis quanto a ponta de uma faca,

olhavam com desdém de sua redoma de vidro.

Uma voz grutural gritou do nada:

VOCÊ NÃO MERECE SER FELIZ!!

Indefeso e de joelhos,

meu espírito mirou o chão,

esperando pelo fim inevitável.

Indiferentes,

pessoas passaram por cima

daquele traste inerte.

Poucos se importaram,

nem tampouco lembraram,

que aquilo um dia foi um homem.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 01/10/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1842139
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.