Amor e poesia
Uma menina sozinha, um dia um poeta encontrou, encantou-se com seus versos, viu através dele outro mundo, um mundo prenhe de amor.
Até então sua vida tinha a graça de um parque deserto, prá ela indiferenciava experimentar o calor do Verão, ou mesmo um dia de Inverno cinzento.
Como uma neófita sedenta, entrou no templo de Eros provando de beijos incertos, sem temor ou medo no olhar, vivenciando o momento.
Entregou-se com plenitude, rompeu as amarras beatas, não mais quis ser moça sensata, descartou-se das virtudes e na paixão se jogou.
Foi Beatriz para Dante, nada mais foi como antes, depois dos versos provados, navegou de Norte a Sul, viu o mundo bem mais azul, sentiu mais cheiro nas flores.
Foi musa de seu poeta, inspiração e desejo, viu seu nome ser levado por ventos mui benfazejos, louvado de forma dolente por bardos apaixonados de Oriente a Ocidente.
Aquela menina medrosa foi cantada em verso e em prosa por um menestrel sem fama, amante de rimas inexatas, construtor de um versejar diferente.
De uma estranha visão de vida, de poucos compreendida; bem fala a gente sofrida – só mesmo poetas e loucos falam a língua dos beija-flores.
Fazer poesia é coisa mui rara, difícil de se explicar, não marca minuto nem hora, é uma imprevista senhora que chega sem avisar.
É como rodamoinho, levando tudo no eito; quando o amor brota no peito de um poeta enamorado, os versos saem em cascata, em estrofes desarrumadas.
Prá menina de olhos de sonho, de beijos açucarados, de fala doce, cantada, com jeito de bailarina – a dama mais cortejada
Brotam estes versos castiços brindando a flor plena de viço, que anda espargindo feitiço com seu desfilar de garça e um novo enigma no olhar.
Há alguns anos, Vinícius de Morais cunhou a famosa expressão a respeito da insegurança de nos sabermos, ou não, amados: Que eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.....
...o resto só deve ser creditado à fobia de quem tem medo de se doar...de quem tem muito medo de amar.
Vale do Paraíba, noite da penúltima Segunda-Feira de Junho de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)