Amor matinal
Tu badalastes meu peito vorazmente
Como badalam os sinos da catedral
Na silenciosa madrugada magistral
Em que a rosa se espalha tão lentamente
Pelo chão clamando pelo primeiro alvor
Da manhã, agora num desvario sobejo
Clamo-te para derreter com teu beijo
Gostoso que arranca de mim qualquer pudor...
Logo em nós começa arder atroz torpeza,
O perfume que verte como orvalho
Que se debruça sobre a flor que enxovalho
Com minha espada flamejando esperteza...
Tua révora se torna rubra mortalha
Sobre meu corpo estendido e atônito...
Meia noite, mil acordes, rebento frêmito...
Corpo consumido, mas a alma gargalha
Ardendo e deleitando-me e ver florescer
Um arco-íris colorido de luxúrias
Ao brotar o alvor do dia sei que em lamúrias
Vou me afogar quando esta noite fenecer...
Carlos Barbosa, 30 de setembro de 2009