Via Crucis
No seio da mata virgem,
Nas colinas e nos campos,
No esplendoroso arrebol,
Tento entender meu pranto.
No congestionado trânsito
Dos grandes centros urbanos,
No meio das grandes multidões,
Não sei entoar meu canto.
No aconchego do lar,
Na solidão de um quarto,
Nas preces jogadas ao vento,
Não sei se vivo ou se disfarço.
No íntimo de mim mesmo,
Nos alicerces inseguros da emoção,
Nas voltas e revoltas da vida,
Sinto lágrimas em meu coração.
Na caminhada imperfeita do amanhã,
Nas margens dos rios caudalosos,
Nas noites que virão, sangrentas e frias,
Verei que foram vãos todos os meus esforços.
Nas fontes da sabedoria
Vivem insepultas esperanças malogradas...
Nos jardins onde o amor floresceu,
Não há uma só flor à beira da estrada.
No dilúvio fremente das emoções,
Um pássaro colorido voa em direção ao mar,
No compasso rítmico de suas asas,
Afimal compreendo que vale a pena amar!