PALIDEZ

Como um salmão congelado na cachoeira

Sou eu e minha dor

Como um fóssil descoberto na pedreira

Sou eu e meu torpor

Um esqueleto numa casca de vidro

Desejando não correr nenhum perigo

Um desejo quase esquecido

Mergulhando ainda mais em seu abrigo

Então passo as noites fugindo

Dos caçadores cruéis das ruas

Então passo os dias fingindo

Que estou dando passos na lua

Sou espírito material sem cor

Vivendo a palidez do mundo

Que com seu olhar trouxe a dor

Então se fez árido o campo fecundo

Como um salmão congelado

Muitas vezes você me beijou

Como um fóssil incrustado

Muitas vezes você me amou

Sou eu com minha dor

Me sentindo como uma cachoeira congelada

Sou eu com meu torpor

Me sentindo como uma pedreira inundada

Luiz Noscente
Enviado por Luiz Noscente em 26/09/2009
Código do texto: T1833193
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