PALIDEZ
Como um salmão congelado na cachoeira
Sou eu e minha dor
Como um fóssil descoberto na pedreira
Sou eu e meu torpor
Um esqueleto numa casca de vidro
Desejando não correr nenhum perigo
Um desejo quase esquecido
Mergulhando ainda mais em seu abrigo
Então passo as noites fugindo
Dos caçadores cruéis das ruas
Então passo os dias fingindo
Que estou dando passos na lua
Sou espírito material sem cor
Vivendo a palidez do mundo
Que com seu olhar trouxe a dor
Então se fez árido o campo fecundo
Como um salmão congelado
Muitas vezes você me beijou
Como um fóssil incrustado
Muitas vezes você me amou
Sou eu com minha dor
Me sentindo como uma cachoeira congelada
Sou eu com meu torpor
Me sentindo como uma pedreira inundada