O silêncio

O silêncio que sufoca

As doces lembranças

É o mesmo que comprime o peito

Não tem jeito.

O silêncio acumulado neste mundo

Aflora aquele grito calado no fundo

Trazido na voz abafada, o dolorido

Inesperado de dentro pra fora.

Este silêncio insistente

Ocupado pelo espaço dos ausentes

Empalidece uma alma desarmada

Sem os domínios na madrugada.

Silêncio pelas palavras não alinhavadas

Dentro de uma mudez escrava

Mergulhado numa ilusão que crava

Feito enxurrada sem aluvião.

É no silêncio mais profundo

Enfurecido pelas noites num segundo

Que as luas ensurdecidas tão somente

Beliscam minha vida... silenciosamente...