Mágica das horas
Queria poder um dia sentir no ar a poesia que sintetizasse em palavras o que meu corpo sentia,
Ao acordar de manhã, ainda lento de movimentos, sentindo tua temperatura aquecendo meus sentimentos.
É como se não corressem os anos, os tempos se intercambiassem, e dentro de nós retornassem nossos mais mágicos momentos.
O corpo que sinto agora, tornando-se luva do meu, é o mesmo que em outro tempo sob meu corpo ardia.
A mesma paixão de outrora aquece o Inverno de agora; de forma cadenciada, precisa, vamos rompendo as divisas, removendo inúteis barreiras
Entre o animal e o divino, o adulto se torna menino, a brincar em tua pele macia, farejando fantasias-verdade.
Ah! Como é bom me perder em precipícios profundos, escalar as tuas colinas, e respirando bem fundo em busca de liberdade,
Os tempos se misturando em tresloucada harmonia, os corpos se engalfinhando em antropofágica sinfonia, de notas lúdicas, certeiras.
Esta poesia-magia transformará a nostalgia dos primeiros beijos trocados, em beijos saboreados em nosso Aqui e Agora.
Trará de volta o vigor de nossa primeira noite de amor, a misturar o verde tesão com a madura sedução no caleidoscópio das horas.
E tanto tempo depois, somos de novo, nós dois, namorados a passear, um mesmo por-do-sol lisonjeiro, nossa paisagem decora.
Como pássaros em vôo feridos, quedamos-nos entorpecidos, do mundo externo esquecidos – só existimos eu e você, o resto fica de fora.
Amar é uma ação que nos dá o poder de abstrair o Tempo e o Espaço, libertando-nos da cadeia ilusória das três dimensões em que vivemos; Ao embarcarmos na nave mágica da Poesia, transitamos livremente por todos os tempos e lugares, banhando-nos na fonte da eterna juventude, a resgatar os amores vividos, e por viver, em todas as incontáveis eras de nossas vidas: em realidade, um único e incomensurável Amor.
Vale do Paraíba, noite do primeiro domingo de Setembro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)