TOCAR
Tocar, é o tocar, naquilo que não foi tocado.
tocar por tocar, não é tocar,
tocar de verdade, é tocar no intocado.
O intocado de cada um é o que se deve tocar,
tocar tocando, qualquer tocar, não é tocar,
é tocar, trocando, já no tocado.
Tocar tocando, como qualquer toque, é tocar,
no intocado, desprezando o intocado.
Tocar, tocando, sem se tocar, é não tocar.
Tocar, de verdade, não é tocar com a verdade,
tocando no que não foi tocado, porque tudo, de alguma forma,
é sempre intocado.
Tocar no intocado, com qualquer toque, é coragem de doido,
porque no toque, reside sempre o verdadeiro toque.
O toque que é aviso, que é apego, é o tocar com o tocar, se tocando,
e é se tocando, que se toca melhor.
Tem uns que acreditam que podem somente se tocar, e se tocando,
vão tocando, na sua cabeça o intocado.
Estão trocados, porque no toque, o tocar é sempre sagrado.
O tocar, é sempre mistério, e por isso não se pode tocar, de qualquer jeito.
Tocar, é, além de se tocar, um tocar, tocado com toques que fazem tocar o outro.
Quando o outro é tocado, pelo toque de cada um, aí o toque seu, faz o outro, se tocar.
E, quando ambos se tocam, se tocando, sem se trocar, há o verdadeiro toque, que faz o tocar, verdadeiramente tocar.
Tocar, tocando, trocando no tocar, é não tocar, no que o outro pode nos tocar.
Tocar, não é também se entocar. Tocar é tocar, em si, pra chegar no outro.
Tocar, é se tocar, pra tocando no tocar do outro, a gente poder, mais vezes se tocar.
Uns, até se trocam, e esquecem de se tocar. Trocam-se, mas não tocam-se.
Tocar, é tocar, como música, que faz tocar. É tocando, seja pra frente a tal bola, que se faz o tocar, fazer mais do que tocaia.
Tocaia, de prisão, não é tocar. É trocar, o tocar, pelo apenas, se tocar.
Se se tocar, fosse bom, pra gente apenas não precisar tocar, então não haveria necessidade de se trocar.
Porque trocar, com o outro, é também tocar. Troca, na verdade, não existe, porque em toda troca, sempre o que troca, não aceita trocar.
Quem troca, o que não deve trocar, está perdido no tocar. O toque, que não é de recolher, é o toque do alarme do tocar. Se, a gente se toca, que o toque faz o verdadeiro tocar, aí o toque, sai da tocaia, e a gente vai querer sempre trocar.