À beira do tempo

Eu quero me sentar à beira do tempo
Olhar em teus olhos marejados, desatentos,
Sentir na pele a fúria do vento
E sonhar

 
Eu quero, no regresso da memória,
Redescobrir o que é te amar,
Ter novamente o sentimento aflorado
E no desejo, a pele queimar.

 
Escura, a noite adentra na agonia.
O relógio passa, a vida para
Num instante que não termina.

Tu és o meu cigarro aceso na madrugada,
Mata-me, mas me instiga, incentiva.
Tu me consomes o tino
E em lamentos profanos te silencio.

Meu peito se inflama, por ti chama,
E o fogo queima; logo finda
O sono, as pálpebras me pesam
E no pesadelo, a saudade infinita.

 
23 de setembro, 2009