O BEIJO DE NÓS DOIS
Nas noites mal dormidas
Tremulo desejos incontidos
Os sonhos invadem meu quarto
Volúpias estremecem excitadas
Segredos são revelados
Dores escondidas e sofridas
Como se fossem em um parto
Corpo e pele em roucos gritos
A dor do mistério
Invade medonha
Rompendo as entranhas
Mostram nos sonhos
A vontade tamanha
Assanha como estranha
Seus passos no corredor
Pé e pé beiram pelo rodapé
Chegando de mansinho
Entrando no meu quarto
Bem devagarzinho
Vai à caça do teu cheiro
Sem perguntar
Roça a barba mal feita
Levanta as cobertas
Sussurra ao ouvido a fome
Encosta-se ao meu corpo
Latejando o membro insinuante
Põe-me de pernas abertas
E explora os caminhos do tesouro
Deita-se sobre meu ventre
Namora as minhas células
Acaricia com lábios o meu corpo
Em frenesi feito um louco
Escorregando, macio e devagar
Segurando firme meu dorso
Sem pressa... Aos poucos
Só excitação é seu sufoco
Boca molhada nos ombros
Tudo ao redor vira escombros
Beijando um seio e o outro
Endurece e enternece os mamilos
Leva-me ao delírio
Pedindo tudo de novo
Insaciável e guloso
Rasteja pelos labirintos
Ao escorregar ainda mais
Encontra a morada do amor
Que fica em alerta instantâneo
Para ser beijada com ardor
Abre as pétalas lentamente
Da flor desse jardim
Caminha por esta estradinha
Direto ao canteiro florido
Rega com amor a flor
Afaga as suas pétalas
E a faz sentir-se linda
Como início da primavera...
Momento de sublime torpor
É incomparável o sentimento
Que em meu corpo percorre
Todo sereno e sedento escorre
Aguarda sua boca e dorme
Sonha em rever-te
Numa outra situação
Que não seja em sonho
Mas na vida em ação...
Com leveza e carinho
Bem suave ao seu gostinho
Com sua força viril acoplou
E no silêncio da madruga tudo aflorou
E o duplo e múltiplo orgasmo orvalhou!
Dueto: Rosana Carneiro e Hildebrando Menezes