O amor tem gosto de maçã
Como é bom poder dizer “te amo, meu amor”, mesmo que tenha de ser em segredo.
Estes doze sinais gráficos encarnam, como apóstolos, momentos ternos, outros bem trágicos.
Todos momentos essenciais na vida do Homem, pelo que neles existe de mágico,
Posto que uma vida desprovida de amor é como ser sentenciado a cumprir em terra estranha, uma pena terrível de degredo.
Quem já se deitou num gramado e sentiu da mãe Terra o calor por ela ofertado
Tem a exata noção de como se vive o sentimento de amor, quando em nós se instala
É ao mesmo tempo uma sensação de abandono, que de uma só vez conforta e avassala.
Amor não se pede, nem mesmo se oferece. Amor se dá e se recebe, amor é compartilhado.
De que outra maneira se poderia falar de amor? Não se deve pensar sentimento tão leve de forma pesada.
Tal heresia, igualmente seria o amor que o criador de pássaros tem para com o bichinho engaiolado.
Só para ele cantando, um canto treinado, no qual ele acredita lhe ser ofertado, quando em realidade é um canto forçado.
A bem da verdade, é canto desesperado de quem não tem liberdade, cantando seu desespero aos céus implorando.
Mas quem caminha nas matas e escuta dos pássaros livres um canto mais solto, mais cadenciado, aos pares se amando,
E compara ao outro, previsível, travado – percebe: um é beijo leve, de irmã; o outro tem gosto de maçã...
...tem gosto do beijo da boca da mulher que se sabe mais amada.
Amor não se pede, não se cobra. Amor se vivencia. Um amor engaiolado, policiado, não é amor: está mais para um pseudo-amor, devendo ser comparado a um peixe vivendo fora d’água – e como um peixe nessas condições, vivendo fora de seu habitat natural, tem pouquíssima sobrevida.
Vale do Paraíba, madrugada do primeiro Sábado de Junho de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)