O CARNEVALE DO AMOR
O mar recolhido,
maré baixa,
a lua minguante
e Saturno no leme do barco.
Mas num dado momento,
um clic na hora certa,
um desvio da rota diária
na distração de uma tarde
uma última mirada na lista de nomes...
... e o mar se agita em temporal magnífico
buscando a praia sequiosa.
Aconteceu!
Areias encharcadas pelas águas benvindas,
um prelúdio de sonata
a ser executada a quatro mãos,
o teclado ebúrneo da minha pele
vibração de cordas, mãos em violino flamejante!
Coração acelerado, o corpo em êxtase,
amor em andamento, um "andante ma no molto..."
Oitavas em ascendência,
sinfonia de corpos
brilhando no espelho
do quarto em penumbra.
Doido carrossel girando
em velozes semifusas notas...
E do alto das nossas ânsias
em acordes exuberantes
espalham-se no ar
caindo lenta e magicamente,
os confetes deste carnevale.
Venzianas fanfarras,
batucadas alucinantes
a carne é fraca
a vida é breve
e esta santa missa
do amor sem recatos
apenas começou.
Demos graças a Deus!