Meu coração em pétalas

Ao bacorejar este livro,

É de ti que vem o cheiro,

É por ti que devaneio:

Ou em mim vive a argúcia,

Ou deliro, entrego-me a qualquer denúncia.

Ao desvendar estes versos –

Ao ver-lhes olhos tão imersos –

De ti eu me despeço:

És fantasma em minha mente;

És dor calada: sou doente.

És o espaço máximo

Da representação nítida – batida -

De meu pequeno peito.

As letras fogem e -

Suspensas –

Fazem de ti clarividência:

De lábios fechados sinto teu gosto:

És suspiro delicioso;

És meu coração mavioso.

Por ti lobrigo e lobrigarei,

Pois com a flor que lhe dei

Foi, em pétalas, meu coração de rei.