Quando tu partires
Quando de tua partida, já de antemão sabida, nada me diga, seja ela- a tua partida - em morte, ou mesmo em vida ocorrida.
Use de tua costumeira clemência, aja com sábia prudência, poupando-me da cruel penitência de tua indesejada despedida.
Címbalos e oboés uniram-se em festejo quando de tua chegada: então pedirei aos mesmos instrumentos que supram tua ausência, minha querida,
Falando-me de ti, já que tu mesmo não poderás me dizer nada. A música sim - esta falará de ti e de mim, e através dela, da nossa musica, a tua voz será sempre por mim ouvida.
Usarei de todas as minhas forças e pararei o relógio do Tempo, eternizando em minha mente aquele mágico momento
Em que adormecida, tua cabeça pousava em meu peito, o suave perfume de teus cabelos a embriagar minhas narinas, um quadro de impossível encantamento.
Tanto tu quanto eu, um dia teremos de partir. Certeza esta da qual nenhum de nós pode fugir, mas, aqueles ponteiros parados, janízaros de nossos sentimentos,
Serão testemunhas eternas do amor, do carinho, do fogo da paixão e da calma cumplicidade compartilhada. Então, meu amor, seja mentira ou verdade, não me fale de tua partida – esta espinhosa missão, que nos tira do centro, é exclusiva do Vento.
A vida é formada por bons e maus momentos, sentença que é um evidente truísmo. Assim mesmo, conscientes dessa forma em que a nossa vida se desenrola, temos dificuldade em aceitar situações que nos causam desagrado – a partida de um ente querido é uma dessas situações desagradáveis.
Vale do Paraíba, manhã da terceira Quarta-Feira de Março de 2009
João Bosco (aprendiz de poeta)