SUPOSIÇÕES

Suponha que no mundo exista dois corações enamorados,

Mas, ao mesmo tempo pela mágoa ressentidos,

Pois se acreditam rejeitados,

Quando, na verdade, são inteiramente correspondidos.

Suponha agora que, à distância, ele a observe com ternura,

Mas, quando os olhares se encontram por ventura,

Destilam ódio ao olhar que lhes procura,

Pois o orgulho não lhes permite confessar a verdade do que sentem.

Suponha então que ela se censure bravamente,

Porque seus esforços para esquecê-lo são indiferentes,

E toda noite rogue a Deus para que apague as lembranças de sua mente,

Mas basta um encontro casual para que qualquer censura ou esforço sejam em vão.

Suponha que cada um culpe a si mesmo pelo fim da relação,

Mas, publicamente, acusem um ao outro sem compaixão,

E o rancor que já carregam é alimentado pelo jogo de incriminação,

Afastando-os, desta forma, cada vez mais.

Suponha, por conseguinte, que tenham buscado refúgio em um novo amor,

Mas tal subterfúgio só os fez se gostarem com ainda mais ardor,

E todas as artimanhas que usaram para abrandar seu imenso torpor,

Apenas lhes serviu para ferir outras pessoas.

Suponha por fim que tudo isto não seja mera suposição

E que de fato exista estes dois corações que se querem loucamente,

Mas como não ousam assumir a real essência de sua paixão,

as reviravoltas do mundo lhes tornarão cada vez mais distantes

Até que estejam inalcançáveis, inatingíveis estes orgulhosos amantes.

Larissa Lopes
Enviado por Larissa Lopes em 21/09/2009
Código do texto: T1823847