Nuvens Errantes
Nuvens Errantes
O meu olhar navegante embota-se por um instante, a perder-se no imenso azul do céu, a bordo de sonhos infantes...
Fico imerso em mim mesmo, contando nuvens errantes enquanto espero você a fazer não sei bem o quê; presumo que seja importante.
O Inverno está prá findar, já há perfume de flores no ar: o Sol voltou a brilhar reinando em cores vibrantes.
Então por que insistir, tão intempestivamente, em rumos tão conflitantes, trazendo prá nos ferir acordes tão dissonantes?
Teus modos tão juvenis, teu riso de adolescente, vêm de encontro ao meu siso: sempre me roubam um sorriso, ainda que disfarçadamente.
Não dou o braço a torcer, mas é impossível esconder que é tão ruim ficar sem te ver; pego-me insone, arredio, a agir impulsivamente,
De forma atabalhoada; fico de cara amarrada sem tua presença sentir; és um perfume mui raro - uma tempestade de vento quente.
Porém, inexplicavelmente, trocas de humor de repente; deixas-me atarantado, amuado e impaciente; - por que diabos, mulher, mudas tão constantemente?
Não entendo esta tua postura de ocultar teus sentimentos em vestes de medos, ares de tristeza e lamentos, escamoteando de nós tão preciosos momentos com inconsistentes desculpas.
Enquanto isso a vida lá fora transcorre celeremente, nós ficamos girando no vácuo, machucando-nos mutuamente, como crianças irresponsáveis, indecisas, irresolutas.
Por que driblar o inevitável; se o que mais queremos prá nós é viver o amor no Real, sem máscaras; pleno, total, nos bons momentos, nos maus, abstraído de culpas?
Vamos nos amar livremente, despidos de formalidades, deixarmos essas meias verdades guardadas definitivamente – e então: que venha afinal este manancial de Amor por inteiro, guerreiro provado na luta.
Um amor que se quer verdadeiro não se deixa abater pelos obstáculos que se interpõem em seu caminho. Ao invés de esmorecer, busca fazer, desses mesmos obstáculos, degraus para atingir o objetivo desejado.
Vale do Paraíba, tarde-noite da última Sexta-Feira de Agosto de 2009