BALADA POR UM ANJO
 

Não sei se é anjo em forma de mulher
Ou se mulher em vulto angelical
Mas venha ela de onde vier
Recende o espaço em vórtice aromal
 
Não sei se é dado a mim, mortal, tocá-la
Quando a luz dos seus olhos resplandece
Mas grita o coração, e a boca cala:
Mais fecho os olhos, mais ela aparece.
 
Não sei se é dado a mim, mortal, beijá-la
Posto ser anjo, inatingível ser
Não sei se me percebe se ouso olhá-la
Ou se ignora e finge não me ver
 
Nem sei medir o tanto que a desejo
O tanto que imagino seus afagos
O tanto que eu anseio por seu beijo
O tanto de amor que no peito trago
 
Por isso a canto em cântico elegíaco
Numa balada de ardorosa ausência
Por ela sou loução, insão, maníaco
Mas amo amá-la, mesmo na demência.
 
E faço deste cântico a esperança
De tê-la um dia, talvez, nos meus braços
E de embalá-la em envolvente dança
Cobrindo-a com meus beijos e abraços!
 

Oldney Lopes©