Conquista circense

Entre rugidos e lonas suspensas, lá estava o circo montado.

Arrastado pelos ventos contrários aos teus fugazes desejos

Persegui-te em saltos mortais nas alturas dos trapézios

Contorci-me a caber-me inteiro em teu irrevelável interior

Pouca luz, rufar dos tambores, avisam silêncio e suspense

Lâmina afiada separou-te em metades que se refizeram em meu inteiro

Equilibrei-me com vendas e guarda sol em cordas bambas e monociclos

Palhacei-me para os sorrisos ingênuos e puros na criança de todos nós.

Expelido entre fumaça saí em tua direção como homem bala sem sabor

Caindo sempre em redes tecidas por pescadores de sereias e sonhos

Corri ainda no picadeiro de tantas agonias e pesadelos.

Onde me equilibrei em cavalgadas aladas entre estrelas e satélites.

Em veloz e ruidoso show, repeti sempre o mesmo trajeto

Onde a vida só existe como espetáculo, no mesmo globo da morte.

Conquistei-te pela mágica do desfilar dos finos lenços multicores

Que lançados aos céus, se transformaram em suave e alva paz.

Na apertada malha de tantos brilhos esperou-me o cume da pirâmide

Onde pousei sob o olhar da tua bela e misteriosa esfinge.

Fiz bailar com doçura os elefantes do teu amargo passado

E como último e anunciado impossível de todo o espetáculo

Enfrentei a fera indomável da tua beleza selvagem

Com o requinte que me fez domar-te com carícias e sussurros.

Jaak Bosmans 11-09-09