MAGO

Assim me encantas

Com teu encanto profano

Perco a rédea dos meus sonhos,

Noite alta, lua adentro

Habitas meus devaneios

Estampado em meus pensamentos

Como mil cavaleiros em guerra

Num filme de uma única cena.

Tanto tempo penso,

Tanto mais me perco.

Lua fora de curso,

Que me acha onde me escondo...

Só te posso beijar em sonhos,

Onde não me lembro

de me impor o disfarce,

Adormecer minhas feras,

E me confundir a verdade...

Desde nem sei...

Que me decoras de sons,

Me iluminas,

Abres o sono dos meus olhos,

E me danças e danças

A espinha...

Vives do poder da lua,

E da espera...

Retratada no brilho

Dos cabelos de prata

Caindo sobre a fronte incessante,

Que no abstrato vagueia...

Ente vibrante, de outras esferas...

Eras tu, que eu - estátua muda -

Longamente aguardava...