Silêncio e poesia
Há um verso mudo em mim,
que de repente irrompe
feito o sangue que corre
febril pelas veias.
No silêncio que tece a
madrugada, o barulho solene
do relógio traça no tempo
um percurso visível
somente a um sentido.
O que há em mim é
o curto espaço do fio
tênue que separa a
realidade do sonho e projeta
no sentimento as
dores adormecidas no passado.
Construo versos que andaram
à deriva e escassos na
retina opaca que reveste de
melancolia os
resquícios de outrora.
Há em mim, nesse fragmento
de tempo e nas cinzas
das horas, apenas
silêncio e poesia.