Teu pranto irriga a semente de teu amor...

Chores,

Deixes teu pranto rolar na cascata de meus ombros,

Deixes sua cabeça pender como rocha na escarpa de meu peito,

Estarás segura mesmo que divises o precipício a tua volta...

Chores,

Mas chores mesmo, a dor que deveras sentes,

O amor que morreu nas pétalas amarelas de tua flor,

Que desabrochou e o homem não colheu ao teu amor...

Chores,

E não enxugues as lágrimas que verterem,

Cultivas a tua dor na semente do mal que te fizeram,

Teu pranto irrigará o sulco da pedra, do amor que renascerá...

Chores,

Não escondas o belo rosto, mesmo que tracejado pelo tempo,

Não deixes que lhe fuja a vida,

Não esqueças de olhar ao redor, vede a montanha majestosa...

Chores,

O quanto choraste, o quanto sentiste,

Isso representa o quanto não devias ter se lançado,

Em busca de tua aventura, de tua paixão...

E depois que o pranto cessar,

Depois que o amor a teu coração regressar,

Tornas a florescer, pelo bem viver,

E colherás as flores, os frutos ao teu redor,

Que são muitos, e que na cegueira de teu sofrer,

No teu desespero, tuas mãos não se abriram a colher...

AjAraújo, o poeta humanista.