Moldura amorosa

Teus cabelos, macios, cheirosos; teus olhos de sonhos, teu rosto risonho e teu envolvente abraçar,

Formam conjunto perfeito, maravilhosa armadilha; tu não andas, desfilas – a arrastar o turbilhão de meus sentidos em teu corpo pousado.

É como fogo cruzado do qual não ensejo fugir, quando te vejo sorrir ao comigo falar, a vida fica mais leve e o mundo menos pesado.

Poder partilhar com você momentos bons e ruins, é bom demais para mim, é hora mais preciosa, deixar tua voz cariciosa meu corpo todo inundar.

Quando me deito ao teu lado, percebo teus olhos fechados, as narinas alertas, a farejar minha presença, deixo-te enroscar em meu corpo com suave firmeza, leveza e aprumo.

Com manhas felinas, a encontrar os espaços, com pernas e braços num duelar divertido, sem vencedor nem vencido, até a calma chegar; levo minha boca a beijar a tua nuca macia.

O calor de nós dois misturados num só, faz dispensar o lençol, inútil adereço nesse brincar com tua pele, sem fim nem começo, crio jóias sem preço ao contemplar os teus seios, quais ilhas perdidas - oásis de fantasia.

Uma náufraga fome me toma de assalto, quando em sobressalto chego em teu ventre, tranqüilo, sereno, a ocultar o vulcão, minha língua afoita prova de teu veneno, e se entrega, cativa – beduína sem rumo.

Esta é moldura encantada que construí prá nós dois, tem a altura dos sonhos, e a largura do antes, do agora e do depois, perfumada com almíscar de Madagáscar.

Servirá como ninho prá tua sagrada imagem abrigar, quando em noites invernais, sem olhar para trás, deixando-me sozinho, fores outras plagas visitar.

Ter-te-ei sempre ali, em lembrança abrigada, como penhor da bonança que me trouxeste prá vida; como um cego confesso: a luz de teus olhos me fez enxergar

A beleza existente em coisas pequenas como um canto de pássaros, ou chuva na vidraça, o voar majestoso e a alvura da garça; o fazer poesia e viajar na utopia de sempre encontrar motivos prá amar.

Amar é: acordar junto de quem se gosta; saber que o sentimento de amor tem de conter absoluta reciprocidade...

...amar também é: entender que temos de ser para quem amamos, além de amante, irmão, companheiro e amigo, dar sempre a certeza de que temos para a nave do Amor, via de acesso com alta prioridade.

Vale do Paraíba, noite da última Quinta-Feira de Junho de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 19/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1818661
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