A MINHA MAIS TRISTE CARTA DE AMOR…

Lembras-te?

Conhecemo-nos na Idade das Trevas

E juntos unimo-nos

E fomos de cada um a luz

Colhendo os benefícios

Do que a luminosidade produz

Adequámos

Os nossos lados negros

A cada um

Corríamos pela madrugada fora

Sem horas

Como se isso fosse uma norma

Fosse comum

E amámo-nos

Gostávamos um do outro

E assim vivemos um Renascimento

Sem nunca dizermos a palavra Amor

Mas dela tirando o máximo provento

E rimos

E chorámos

E voltámos a rir

Por motivo nenhum

Ou por demasiados

Porque perdidos

Juntos

Sabíamos por onde ir

Até à altura

Em que as trevas voltaram

E não soubemos lidar

Com a tempestade

Que ela ocasionou em nós

E foi então que juntos

Ficámos sós

Foi há mais de mil anos

A terrível despedida

Eu amei-te por mais quinhentos

Até que foi sarada a ferida

Mas nunca te disse

“Amo-te”

ou

“Adeus”

Sentires que se contradizem

E ainda hoje ocasionam em mim

Uma insustentável dor

E por isso te escrevo

Hoje

Para toda a eternidade

A minha mais triste carta de amor…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 18/09/2009
Código do texto: T1816846
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