A MINHA MAIS TRISTE CARTA DE AMOR…
Lembras-te?
Conhecemo-nos na Idade das Trevas
E juntos unimo-nos
E fomos de cada um a luz
Colhendo os benefícios
Do que a luminosidade produz
Adequámos
Os nossos lados negros
A cada um
Corríamos pela madrugada fora
Sem horas
Como se isso fosse uma norma
Fosse comum
E amámo-nos
Gostávamos um do outro
E assim vivemos um Renascimento
Sem nunca dizermos a palavra Amor
Mas dela tirando o máximo provento
E rimos
E chorámos
E voltámos a rir
Por motivo nenhum
Ou por demasiados
Porque perdidos
Juntos
Sabíamos por onde ir
Até à altura
Em que as trevas voltaram
E não soubemos lidar
Com a tempestade
Que ela ocasionou em nós
E foi então que juntos
Ficámos sós
Foi há mais de mil anos
A terrível despedida
Eu amei-te por mais quinhentos
Até que foi sarada a ferida
Mas nunca te disse
“Amo-te”
ou
“Adeus”
Sentires que se contradizem
E ainda hoje ocasionam em mim
Uma insustentável dor
E por isso te escrevo
Hoje
Para toda a eternidade
A minha mais triste carta de amor…