Eu posso sentir a firmeza do seu caráter
Eu posso contemplar a avidez do seu sorriso
Eu posso ver nos seus olhos o brilho do sol...
Mas; sentir, contemplar e ver.
Não é nada
Em face de você mesma.
 
Eu posso partir num idílio...
E ir ao mais profundo submundo
Na companhia de Virgilio
E escapar das trevas (por um triz)
Para te encontrar no céu,
Descortinando aquele véu
De doce e meiga Beatriz.
 
Eu posso aquecer-me na chama
Que arde em seu corpo
Eu posso sorrir e cantar; sonhar com você.
Eu posso fazer-te trinta mil poemas,
Perdendo-me em inequações e teoremas...
E; aquecer-me, sorrir, cantar, sonhar,  fazer ou perder.
Não seria nem mais divino que a sua certeza.

Eu posso; a um tempo.
Na loucura de minha prosopopéia,
Lutar contra moinhos de ventos
E vencer a todos
Conquistando o coração de Dulcineia.

Eu posso encantar  "aquela"  pessoa
Que voce tanto espera...
 
Mas, este corre-corre.
Este cotidiano.
Este dia-a-dia...
Me cega todo o tempo
Em que sigo em meu alento
De lhe ofertar
Amor e alegria.