...Enquanto não se esquece
Seus defeitos desapareceram
Foram abafados, esquecidos, sublimados...
Suas palavras, antes insípidas,
Ganharam sonoridade, melodia, afagos aos ouvidos...
Definiram a vitória do sabor sobre a forma...
...Do efeito sobre o tema...
Suas próprias formas...
Suas linhas...
Seus contornos...
...Antes tão comuns, viraram símbolo!
Transformaram-se subitamente em síntese do desejo...
...Em foco das atenções de todos os sentidos
Como se fora o ativador de um sensor incansável
Um despertador dos limites do sentimento
Permeando o mais blindado pensamento
Relegando as mais prementes preocupações a um papel periférico
Sua simples lembrança quase lhe materializa
Tal a força de sua ausente presença
Impondo, principalmente ao tato, sua maior penitência.
Alegria e tristeza cintilam suas cores intermitentes
Prazer e abstinência conjecturam e se revezam em pensamento
Enquanto nada acontece
Enquanto tudo permanece
Enquanto não se esquece...