E ELA VIU-ME…
Olhámo-nos bem na profundidade dos olhos
À espera de algo encontrar
Eu convidei-a para a Eternidade
E Ela decidiu ficar
E ela viu-me
A contar
O que tinha para contar
Sobretudo poemas de amor
E diversas histórias
De diferentes lugares
Por onde andei
Em busca de um colo
De um abrigo
Para nas horas de maior dor
Alguém que velasse por mim
Que quisesse ficar comigo
Para se habituar
À minha perpétua partida
Cada vez que sentia curada
Mais uma ferida
Mas sou nave
De relativa autonomia
E preciso sempre de um porto
A que abarcar
Cada vez que a saudade
Me devolvia numa onda
Do meu vasto mar
Para ela
Que estaria sempre ali
Porque intuía
Mais do que sabia
Que as minhas viagens um dia
Terão um fim
Porque há tempo para tudo
Tempo de ir
Tempo de voltar
Tempo de permanecer em terra
E para junto dela
Com as estrelas de ambos sonhar
Estrelas que aprendi
A conhecer tão bem
Como a minha mão
Já algo envelhecida
Era tempo de estar
Era tempo de aprender
A arte de um amor perene
Era tempo de deixar as divagações
Para o mundo etéreo
Onde ela me poderia acompanhar
Por perto
Era tempo
Finalmente
De ter
Uma eterna
E não diletante
Companhia
E ela viu-me…