VERSOS SÃO VÍCIOS...
Compor versos é o vício oriundo da vicissitude
Que nos possui e domina no auge da inquietude
Sem pé nem cabeça, sem aviso ou sem indício
Chega como ópio e nos inebria desde o início
Nutridos da sede viva e urgente de expressão
Famintos buscam nos labirintos palavras em ação
Eles nascem, brotam do ar, do mar e da quietude
Plenos explodem a seiva da mais nobre virtude
Córrego límpido onde flui paz amor ou saudade
Com a força libertária busca o rumo da felicidade
Tudo é levado e lavado pela correnteza do sentir
Caminham, tateiam e sussurram elos com a verdade
Deslizando pelo peito, ora calmo, ora conturbado
Mundos plenos de sonhos e miragens fascinantes
Transpondo paisagens, margeando o pensamento
Nada segura o intento do avassalador alumbramento
É a iluminação livre da manifestação do sentimento
Imagens e mensagens chegadas como profecias
São transmitidas num código genético como vias
Transformados em dor, amor, tristeza e alegria
Assim o saber se consolidará em todos os dias
E em dores de parto, sentidas e logo esquecidas
Guardadas nos arquétipos culturais da memória
O relâmpago iluminando o epicentro do Vesúvio
Numa reunião dos deuses ajustando os parafusos
Ou o belo corcel em fuga mágica planando no ar
Com namorados em beijos e suspiros dados ao luar
Apressados como cúmplices apaixonados a abraçar
Vai precipitar-se tal cachoeira em sonoro dilúvio
Navegam suas dores e prantos jogados ao vento
Harmoniosos e sinfônicos derretem seus lamentos
Em RECANTOS e MURAIS, eles nos convidam a sonhar
Transmitindo emoção e catarse, propiciam sintonias
Imortalizam o amor e a dor que há nas belas poesias...
Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes