ESTRANHO JEITO DE GOSTAR
É deste não gostar que eu gosto
Este querer que não quero
Mas que sempre me submeto
Estes desentendimentos que nos une
Estas palavras que nos prende
Onde tudo se resume
Nas ironias da nossa história
Que se tornam piadas sempre com retóricas
Este desejo sempre reprimido
Pedindo para ser consumido
Na chama de uma discussão
É saber que não deve ser
Mas continuar sem saber
Insistindo no querer
É brigar com você
E ao mesmo tempo te querer
Te cobrar palavras
E desejar silenciá-las com um beijo
Se esquecer dos conceitos
Viver o momento
Para quebrar os preceitos
É odiar e amar
E não conseguir distanciar
Ter vontade de gritar
De mandar você pastar
E sucumbir num olhar
Se dilacerar com raiva
De calar a boca com as mãos
E ouvir apenas o palpitar do coração
Desistir das concepções
Para sentir as emoções
Se esquecer de si
Para lembrar-se de ti
Ter raiva e ter certeza...
Deste não gostar que eu gosto
Este querer que não quero
Mas que sempre me submeto
Fernanda Alves