Só às Vezes
Às vezes, a arte é inexplicável
Minha vontade de chorar também.
Mas esta dói. Dói e dói muito!
Sinto o peito oprimido e o sufoco interminável
Enterra as lágrimas insistentes a sumir
Um grito de dor é retido. A lágrima não saí!
Clamo em silêncio a falta do amor que leva-me a sofrer
Meu gemido mudo sangra, mas não é ouvido
Minha lágrima, não vista, é puro sangue gemendo.
Tudo é como as artes: existe, mas às vezes, não faz sentido!
Um dia vou hibernar num retiro bem distante
Vou poder chorar calado e com o pranto lavar...
Lavarei toda lembrança, o descaso e o desprezo
D’um coração em pedaços, d’uma alma estilhaçada
Não menos inexplicável que à arte de amar-te.
Não podem ver meu lamento, apenas sofro
Às vezes, não entendo a arte, apenas vejo
Também não entendo o amor, apenas amo-a
Às vezes, não é fácil dizer, e apenas penso
Às vezes, só às vezes, queria não amá-la tanto!...
Sabino Marques