Não Te Culpo

Não te culpo por não creres

no que morre se te ausentas

nem no verso que se veste

de metáforas por ti

nem na música que deixas

pelas ruas onde passas.

Não te culpo pelo rio

que me afoga em tua ausência

quando a lua se derrama

sobre o leito das esperas,

eu bem sei que tu não sabes

que a insônia que me habita

é a noite que não dorme

na esperança de que chegues.

Não te culpo pela vida

que se perde no que morre

toda vez que desespero

à espera de que venhas,

toda vez que faço planos

com perfumes e camélias

e amanheço, na janela,

com ocasos sob os olhos.

Como é que saberias

que, em mim, o que te ama

se embebeda de poesia

e te vive do que sonha?